Salvador celebra nesta sexta-feira, 25, o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra e também o Dia Municipal da Mulher Negra. A data é marcada por homenagens, reivindicações e, acima de tudo, pelo reconhecimento da resistência histórica dessas mulheres.
Para Isaura Genoveva, advogada, especialista em políticas públicas de gênero e raça e secretária municipal da Reparação (Semur), o 25 de julho é muito mais que uma data simbólica, é um marco de continuidade e memória.
“A memória e o legado das mulheres negras é uma ferramenta potente de resistência e reparação histórica”
Políticas públicas e programas de valorização
Segundo Isaura, a Semur tem atuação transversal, com projetos que dialogam diretamente com as comunidades negras e periféricas da cidade. Um deles é o Programa Salvador Quilombola, que oferece suporte a estudantes da Ilha de Maré para acesso e permanência no ensino superior.
Outro destaque é o Cadastramento de Povos e Comunidades de Terreiros, que garante o acesso aos direitos previstos na Constituição e no Estatuto da Igualdade Racial, como imunidade tributária, uso da terra e participação em projetos sociais nas áreas de saúde, educação e meio ambiente.
Há ainda o Programa de Combate ao Racismo Institucional (PCRI), que atua dentro do serviço público para fortalecer a capacidade de prevenção e enfrentamento ao racismo estrutural.
“Este é mais um ato de reparação, de visibilidade e de reconhecimento concreto do impacto e da relevância de suas contribuições no serviço público e nas comunidades”, enfatiza Isaura.
A secretária também ressalta a atuação da Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ), que trabalha de forma integrada com outras pastas nas pautas voltadas às mulheres da cidade.
Representatividade no mundo corporativo
A luta por visibilidade também ganha força dentro do setor privado. Para Aline Lima, head de diversidade, equidade e inclusão da Natura, o Dia da Mulher Negra é uma data de afirmação e transformação. “Representa o compromisso com a reparação histórica e a urgência de romper ciclos de invisibilidade que impactam profundamente o acesso, a ascensão e o reconhecimento de mulheres negras no mundo do trabalho”, destaca.
A executiva aponta que a Natura tem buscado intencionalmente aumentar a presença de mulheres negras em cargos de liderança, além de promover iniciativas como a Jornada da Consultora Negra e o apoio a coletivos de empreendedoras.
Segundo Aline, a marca também aposta em inovação com propósito, como no lançamento da linha Jambo Rosa e Flor de Caju, com fragrância desenvolvida a partir da escuta ativa de mulheres negras, processo que teve como fonte de inspiração a própria cidade de Salvador.
Reforçando seu compromisso com a valorização da cultura negra, a Natura também é patrocinadora da edição soteropolitana do Festival Negritudes, que ocorre neste mês de julho.
“Salvador é um território absolutamente central quando falamos da cultura negra no Brasil. Esse patrocínio é a materialização dos compromissos profundos da marca com a valorização da cultura negra e a escuta de comunidades historicamente invisibilizadas”, explica Aline Lima.
Mais sobre a data
Foi criada em 1992, durante a Conferência de Durban contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e a Intolerância correlata, promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU). Ela homenageia figuras emblemáticas como Marielle Franco, Angela Davis e tantas outras que lideraram movimentos de resistência e transformação social.
Essa data destaca a importância de combater o racismo, o machismo e todas as formas de discriminação, além de promover a valorização da cultura e das contribuições das mulheres negras na construção da sociedade.
É um momento de reflexão sobre os avanços alcançados, mas também de reflexão sobre os desafios ainda enfrentados por essa população, reforçando a necessidade de ações afirmativas e políticas públicas que promovam a inclusão e o empoderamento.